1901 - NAUFRÁGIO DO VAPOR SAINT-ANDRÉ

A participação de Portugal na Exposição Universal de Paris de 1900 foi analisada pelo Tribunal de Contas, incluindo a tragédia do naufrágio de um dos navios que traziam as obras de arte de regresso a Portugal, criticando a falta de visibilidade que a impressa da época deu ao facto.

 "... E a Portugal também não chegou a carga do Saint -André, um dos quatro vapores contratados para transportar os produtos e obras de arte expostos em Paris, desde o porto de Le Havre até Portugal .

 Em janeiro de 1901 , o Saint -André, que não teria grandes condições, naufragou ao largo da costa portuguesa, tendo ficado irremediavelmente perdidas algumas das obras dos artistas portugueses que tinham estado expostas em Paris . 

"...No Livro Diário, com a cota AHTC .TP 132 , encontramos vários registos das indemnizações pagas aos artistas e a proprietários, dando -nos a dimensão das perdas sofridas no naufrágio . Registos de várias datas reportam as indemnizações pagas, por exemplo, pelas fotografias dos pavilhões e instalações, por 84 clichés de autotipias, pelas plantas de todas as instalações da Secção Portuguesa na exposição, por impressão de monografias e por produtos industriais (à Empresa Vidreira Lisbonense, Companhia Industrial Produtora de Papeis Pintados, Real Fábrica da Vista Alegre, Companhia Fabril Lisbonense), Em registo de 22 de abril de 1901 estão listadas as indemnizações pagas pelas obras de arte perdidas, num total de 16 :584 $ooo reis, a Carlos Reis, Veloso Salgado, José Malhoa, Alfredo Roque Gameiro, entre outros .

No final da obra Portugal na Exposição de Paris, editada em 1901, José de Figueiredo afirmava que “o desastre foi, em grande parte, a consequência da falta de carinho com que, em Portugal, são geralmente tratadas as coisas da arte”. E lamentava: “o silêncio que se tem feito à roda deste naufrágio, e que parece indicar a nenhuma importância dele desde que os artistas sejam integralmente (?) pagos pela companhia em que as suas obras vinham seguras, dão-nos bem o acanhado da ideia que os nossos dirigentes têm sobre as coisas da arte.” De facto, pouca atenção foi dada ao naufrágio, sendo a notícia do momento a morte da Rainha Vitória em 22 de janeiro de 1901… A outra carga perdida no naufrágio do Saint-André Não consta dos três Livros Diários, mas havia uma outra carga preciosa a bordo do Saint-André e que se perdeu para sempre: a documentação pessoal de Eça de Queirós e os móveis da casa onde falecera em Neuilly-sur-Seine, nos arredores de Paris, em 16 de agosto de 1900. A viúva tinha pedido para serem transportados no navio que o governo fretara para o retorno de parte das obras expostas em Paris..."

In: Tribunal de Contas | A história que as contas nos contam

Comentários

Mensagens populares deste blogue

PRATOS CALENDÁRIO "ALBINO JOSÉ BAPTISTA"