REFLEXÕES - COLECÇÕES - AMBIENTE - CONHECIMENTO
Muitas das peças que fazem parte das minhas colecções só chegaram aos nossos dias devido aos nossos pais, avós e bisavós lhes terem dado outra função e não as terem colocado no lixo.
Os Amoladores além de afiarem facas e tesouras também tiveram um papel importante no restauro de objectos, com a colocação dos célebres “gatos” na loiça que assim chegou unida até aos nossos dias.
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| Amolador Figura retirada duma carteira de fósforos Carregue na seta para ouvir o som |
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Colecção: Figuras Típicas - Quadras 24 carteiras de fósforos Fosforeira Portuguesa - Espinho 40 fosforos -1$50 - Ano: 1979 Colecção Nobre Diniz |
Os Ferros-Velhos também deram hipóteses a alguns objectos de encontrarem outras casas de acolhimento. Poleias, prateleiras, bronzes, medalhas, estatuetas e outras peças ainda em bom estado, algumas com valor, conseguiram fugir da condenação ao forno e consequente fusão, porque encontraram novos donos.
Alguns dos Ferros-velhos com maior sensibilidade foram assim evoluindo e estabeleceram-se como Adelos, Casas de Velharias / Coleccionismo e Antiquários (licenciatura, mestrado e doutoramento de vida que adquiriram com muita curiosidade e empenho).
Os Amoladores e os Ferros-velhos que deambulavam por Lisboa quase que acabaram bem como a maior parte das figuras típicas.
Outro factor relevante no tempo presente é o trabalho de recolha de objectos que estavam ou iam para o lixo.
Os “Gandaias” recolhem peças quase sempre de baixo valor mas com especial interesse para os ajuntadores / coleccionadores de variadíssimos temas (livros, revistas, cartas, documentos, bilhetes, fotos, caixas, latas, vidros, loiças, roupa, etc.).
As Organizações que recolhem os restos de recheios e fazem “limpeza” de sótãos e arrecadações, após alguma triagem identificam peças com potencial para encontrar outro proprietário.
Os objectos resgatados do lixo quando adquiridos por coleccionadores são na maior das vezes cuidadosamente limpos, por vezes restaurados, classificados e criteriosamente incluídos numa estante, numa vitrine, num álbum ou simplesmente numa caixa, numa lata, numa pasta de arquivo ou numa mica.
Sonham que os herdeiros continuem o seu trabalho ou que outro salvador apareça para que as peças persistam na sua tentativa de eternidade.
O mundo do consumismo dos dias de hoje caracteriza-se por um apelo fortíssimo ao usar e deitar fora.
Compramos novas peças, normalmente de qualidade inferior, para substituir outras mais antigas mas ainda em bom estado.
Um exemplo disto são algumas peças de mobiliário de boas madeiras (algumas centenárias) a necessitarem apenas de algum restauro e conservação que foram substituídas por outras de cartão, serradura ou plástico e que, com menos de uma década de existência vemos hoje no lixo.
Agradeço a todos os actores que cooperaram ou tiveram relevância neste ciclo de resgate e recuperação de peças (do gandaia ao antiquário) permitindo que estes objectos façam parte de colecções ou ajuntamentos e contribuindo assim para aumentar o conhecimento de todos nós.
Com a Inteligência Artificial (IA) a mostrar e a inventar tudo digitalmente é importante que este nosso “Jardim Zoológico de Objectos”, alguns em vias de extinção, não desapareça e seja uma realidade para que as futuras gerações os possam ver fisicamente, se possível tocá-los, alguns até ouvi-los ou sentirem o seu cheiro e apreciar a sua patine.





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